O Candomblé para mim deixou de ser apenas uma religião para se tornar um estilo de vida.

"Huntó Douglas D' Odé"

sábado, 20 de agosto de 2011

Série "Família Ungí" - Agué, Ossayn, Katendê

É a divindade das plantas medicinais e litúrgicas.Agué é o Vodun das florestas, senhor das folhas, casas e raízes. Não há uma cerimônia do Candomblé que possa ser feita sem a presença de Agué, sendo ele o detentor da força e do Asé indispensável para todas as divindades. Agué é a chave que abre a porta da iniciação espiritual de qualquer ser humano.

Existem nomes que identificam Agué dentro do culto Ketú e Bantu, mas Agué é um Vodun originário do reino de Dahomé, fazendo parte de uma das famílias mais importantes da África antiga, a família Ungí.

Kò sí èwé kò sí Òrísà, sem folha não há Òrísá, sem folha não há asé, sem folha não há Candomblé. Agué carrega a cabaça onde guarda porções de encantamento e os segredos das folhas, o que o torna um grande feiticeiro. Tem grande ligação com Azanadô.

Agué foi comprado como escravo por ÒrúnMilá, que ordenou que fosse arar o campo para plantio. Chegando ao local, Agué recusou-se a cortar aquelas ervas, pois elas eram úteis para curar diversas dores. Sabendo disso, ÒrúnMílà não se irritou. Ele decidiu que daquele dia em diante Agué estaria sempre ao seu lado, para explicar-lhe as virtudes de cada planta.

Os filhos de Agué são pessoas equilibradas, mas não são capazes de controlar seus impulsos emocionais, são pessoas cordiais, diplomatas e orgulhosas. pessoas de boa índole, raramente gostam de fofocas, mas guardam todos os segredos que lhes são tontados.

Agué é um vodun que não anda sozinho. Caminha com diversos duendes que o ajudam a tomar conta da floresta. Tokorò e Tibiritin são espíritos que espalham as folhas nos dias de ventania. Um outro companheiro de Agué é Moburá, ser que mora dentro da árvore, quando se escuta a árvore falando é Moburá implorando para que não destruam a floresta, detentor do poder que existe dentro dos bosques. Mojoo é um pequeno duende que habita nas folhas, tem a responsabilidade de conduzir as flechas para que não firam as árvores. Arony é muitas vezes confundido com o saci por ter apenas uma perna. Duende de aparência feia, porém de grande importância na proteção das florestas. Tem um olho pequeno e outro grande, vê com o pequeno. Tem uma orelha pequena e outra grande, ouve com a pequena. É aquele que toma conta para ser humano algum chegar a morada de Agué.

Àsá ò erú èjé!
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Chega ao fim mais uma série do Espaço Cultural Apejá Omi Onjé Dìdún. Série falando sobre a existência e o culto de uma das famílias mais importantes da África antiga, a família Ungí. Família essa que é formada por Voduns que tem como elemento principal a Terra. Existem sim nomes que identificam os Voduns da família Ungí nas demais nações, mas a Família Ungí é uma família constituída somente por Voduns do reino de Dahomé.
Dedico a série "Família Ungí" a todos os filhos dos Voduns que compõe a família da Terra. Em especial dedico à:

Mãe Madalena D' Nanà;
Huntó Rodolfo D' Jagún;
Mãe Geni D' Sapanà;
Ekedjí Cobrinha D' Bessen;
Ekedjí Thamires D' Bessen;
Egbomy Elaine D' Frekuen;
Doné Maria D' Iyewá;
Doté Marcos D' Iroko;
Hunvá Wallace D' Agué.

Dedico também a todos os membros da nação Djeje independente de seu seguimento.


Por: Huntó Douglas D' Odé

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Série "Família Ungí" - Loko, Iroko, Kitembo - Parte 05

É um Òrísà pouco cultuado no Brasil. Vive na mais antiga árvore. Protetor de todas as árvores em especial a que leva seu nome. Representa a ancestralidade e os antepassados da humanidade. Desrespeitar a Iroko é a mesma coisa que desrespeitar a sua dinastia. É consoderado como aquele que conta a história de uma casa de asé e de todo um povo.

A árvore de Iroko é a morada de espíritos infantis e tais espíritos são liderados Oluwere. É muito comum na África que crianças perseguidas por pesadelos ou qualquer tipo de assombração façam oferendas a Oluwere nos pés de Iroko, para afastar o perigo de que espíritos Abikú levem a criança. O ritual é repetido por sete dias e sete noites, até que o perigo de mortes infantis seja afastado.

O culto a Iroko é mais popular na cidade de Ketú e as relações com essa divindade quase sempre se baseiam na troca: pedido feito, quando atendido, deve ser pago, pois não deve correr o risco de desagradar a Iroko. Está ligado à longevidade , à durabilidade das coisas e ao passar do tempo, pois Iroko é a árvore que pode viver mais de 200 anos.

Existiu no Sul da África uma aldeia que mulher alguma engravidava e no meio dessa aldei existia uma árvore de Iroko. Todas as mulheres da aldeia se uniram e foram até a árvore de Iroko e fizeram um círculo em volta do tronco e suplicaram a Iroko, pediram a ele que he desse filhos. Cada uma das mulheres ofereceu algo a Iroko, já que a maioria das mulheres eram esposas de lavradores lhe prometeram milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Uma das suplicantes chamadas Olurombi não tinha o que oferecer e prometeu a Iroko o primeiro filho que ela tivesse. A aldeia voltou a fertilidade e as mulheres foram levar o que haviam prometido e Olurombi não quiz dá o que havia prometido a Iroko. Iroko transformou Olurombi em um pássaro que cantava dia e noite, quando o marido de Olurombi soube do que havia acontecido, fez um boneco de madeira e entregou nos pés de Iroko, Iroko satisfeito com o presente soltou Olurombi.

Os filhos de Iroko são pessoas eloquentes, ciumentos, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos. Se apaixonam facilmente, assim como gostam de liderar. O defeito dos filhos de Iroko é que não conseguem guardar segredos.
A árvore de Iroko para o povo Fon é tão importante quando a árvore de Azanadô. tem grande ligação com Òrísás funfun. É o verdadeiro dono do Runjéve, usa dois brajás cruzados no peito. Dizem os antigos que para tirar uma folha da árvore de Iroko, deve-se entrelaçar um brajá no tronco da árvore.

Iroko abawá arawà o.

Por: Huntó Douglas D' Odé

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Série "Família Ungí" - Frekuen e Iyewá - Parte 04



Iyewá ao contrário do que muitos dizem e pensam é um Vodun originário do reino de Dahomé, filha de Nanà e irmã gêmea de Bessen e Frekuen. Pertencente a família de Dan Birá, Iyewá nasceu para ser o símbolo da pureza e da beleza dos Òrísàs. representada pela cor branca no arco-irís e pelo arco-irís em volta da Lua. Seu animal predileto é a serpente branca. Recebeu de Dan Wedo o poder da vidência e da riqueza, carrega sempre consigo uma lança que ganhou de Ajunssun.

Iyewá gosta que suas filhas sejam iniciadas novas e virgens. Assim como sua mãe Nanà prefere não escolher homens para serem Ogan confirmados para ela. Amiga dos pássaros, divide com Òsún o poder sobre os pássaros coloridos. Senhora dos raios brancos do Sol, da neve e do leite das folhas. Comanda os astros como o Sol, a Lua e as estrelas.

Iyewá estava lavando roupas à beira do rio, quando terminou colocou as roupas estendidas para secar, veio uma galinha que começou a ciscar sujando asroupas que Iyewá já havia lavado, fazendo assim Iyewá lavar tudo de novo. Daquele dia em diante Iyewá decidiu que ela e suas filhas não iriam mais comer galinha.

Divide com Onira a propriedade sobras as brisas. Senhora de tudo que é selado (Cadeado, correntes, hímem...). Iyewá é a senhora da virgindade e protetora de tudo que é virgem. Gosta de receber suas oferendas nas nascentes de água em grutas. É proprietária de uma grande cabaça, onde traz seus feitiços que lhe foram passados por Ìyámìn.

Iyewá é livre, a liberdade é a sua casa. A casa de Iyewá não tem paredes e nem teto, a casa de Iyewá é o mundo. Iyewá não tem dono, trça seu próprio destino, escreve sua própria história. Rósea brilha no brilho das estrelas, reluzante acende o céu quando o Sol se põe. Todas as cores do fim da tarde são de Iyewá. O céu da tarde é o seu rosto, a luz das estrelas são seus olhos, o barulho das águas sua voz e o guizo das serpentes é o seu brado de liberdade. Cobra não reconhece dono.

Frekuen é um vodun feminino da família de Dan, assim como Iyewá é irmã gêmea de Bessen. Está ligada às águas, gosta de receber suas oferendas em nascentes de água nos altos das montanhas, seu encanto está todo contido na serpente albina de cor branca e amarela, afirmam os antigos que ela é a própria serpente. Diferente de sua irmã Iyewpa, Frekuen aceita cabeças de homens para incorporar. Ainda que raramente Iyewá é vista em casas de seguimento Ketú, já Frekuen jamais poderá ser iniciada em uma casa de Ketú. Trata-se de um vodun muito encantado, domina o arco-irís que fica em torno do Sol, tem forte ligação com Ajunssun. Suas cores são miçangas amarelas rajadas de verde.

Por: Huntó Douglas D' Odé

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Série "Família Ungí" - Bessen, Òsúmarè, Hongolo - Parte 03

É uma divindade que poder ser cultuada na nação Alaketú e Angola, porém é um Vodun originário da cidade de Dahomé. É um dos patronos da nação Djeje independente do seguimento, representado pelo Drakar. O culto a Bessen é oriundo da província de Mahí, que está localizada ao noroeste de Abomey. O Vodun Bessen corresponde a uma família completa, onde existem 41 aspectos masculinos e femininos do Vodun.

Bessen é encontrado facilmente na natureza, seus segredos estão contidos nas grandes árvores, nas mais puras águas das fontes ou em minas d' água. Em terras Mahí é cultuado em Atinsás, tem o búzio como sua maior riqueza. É um Vodun ligado a Terra e por isso está relacionado a ancestralidade da humanidade, assim como sua mãe Nanà.

Bessen é uma divindade dividida em duas formas de energia, sendo a energia terra representada pela serpente com olhos de fogo e a energia ar representada pelo arco-íris. É erroneamente considerado como um Òrísà hermarfrodita, já que sempre anda acompanhado de sua irmã gêmea Frekuen. Vodun da riqueza, do equilíbrio, dos búzios e de tudo aquilo que se assemelha a prosperidade individual ou de toda uma população.

Bessen era um belo moço da sociedade africana e todos que o via se apaixonava por ele, homem e mulheres. Quando um homem via Bessen a face que aparecia era a de sua irmã Frekuen e quando uma mulher o via a face que aparecia era a de Bessen. Vodun metamórfico que tem o poder de manter o equilíbrio entre o céu e a Terra. Tem como propriedade de transportar a água da terra para o céu em forma de vapor, devolvendo em forma de chuva para Terra, sendo o dono do ciclo da água.

Seu arquétipo é de pessoas que sesejam ser ricas, são pacientes, perseverantes e de natureza arisca. Geralmente são magros, e quando dançam fazem movimentos que lembram as serpentes. Estam sempre atentos a tudo que está acontecendo a sua volta, são desconfiados e sensitivos percebem logo quando Egún está por perto. São pessoas exóticas que gostam de estar sempre evidência, gostam de coisas exuberantes.
Vodun dos movimentos e responsável por todos os ciclos existentes. Senhor dos movimentos de translação e rotação, tem a função de trocar as estações do ano. Sua força está mais concentrada na hora de transição dia/noite e noite/dia. Conhecido em algumas regiões da África como Ajè Salungá, aquele que traz a riqueza e realiza os sonhos da humanidade. Bessen é aquele que entrega o Runjéve aos Voduncys quando completam os sete anos de iniciação. Divide com sua mãe Nanà a responsabilidade sobre o Runjéve. Quando Bessen se faz presente na Terra gosta de usar Lagdibás e brajás, em sua cabeça gosta de trazer folhas de Akokò que é a folha da realeza.

Por: Huntó Douglas D' Odé

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Série "Família Ungí" - Sakpatá, Obaluayè, Kaviungo - Parte 02

O grande Deus da morte e da vida, senhor das doenças e suas curas. Obaluayé é o senhor da Terra, é aquele que faz a terra tremer nos momentos de ira. Caminha sobre a Terra ajudando aos doentes pobres, que não tem condições de se tratarem com médicos. É um dos membros da família Ungí, filho mais velho de Nanà. Obaluayè está coligado ao corpo humano, doenças e suas curas em geral, já Omolú é responsável pela morte e pela vida. Existem contestações nesse sentido, dizendo que um é o velho e o outro é o novo, e que Omolú é o filho de Obaluayè. Porém, são Òrísàs distintos e ao mesmo se completam.

Obaluayè nasceu com o corpo coberto de chagas. Na África antiga existia uma tradição, onde mandava as mães que tivessem um filho doente deviam entregar na beira do mar. Carangueijos fizeram feridas pelo corpo da criança. Quando Iyemonjá veio à beira do mar buscar suas oferendas encontrou o menino com feridas, e o levou para criar, com talos de bananeira curou as chagas de Obaluayè. Depois de um tempo Iyemonjá quiz amostrar para sociedade o seu filho, preparou então uma grande festa, que ela batizou de Olubajé. Iyemonjá convidou a todos e fez uma linda mesa com a comida de todos os Òrísàs, exceto a comida de Sangò que se recusou a ir na festa, pois ficou com ciume de sua mãe ter criado Obaluayè, nascendo então desse ciume o mito de que Sangò e Obaluayè são inimigos. No dia da festa, Obaluayè não queria aparecer para o público, Ogún confeccionou um Asó Ikó (Roupa de palha) e assim Obaluayè apareceu. Ninguém ousou dançar com Obaluayè, somente Iyansà altiva e poderosa ousou dançou com Obaluayè, com seu tubrilhão de ventos abrilhantou ainda mais a dança levantando as palhas e mostrando para todos que Obaluayè estava com aquela roupa, apenas porque em seu olhos trazia a intensidade do Sol. Acabando a festa Obaluayé soube que muitas pessoas não quiseram ir à festa com medo de ser contagiado pelas suas chagas. Obaluayé levou seus guerreiros aos quatro cantos da Terra, as flechadas de seus guerreiros transformavam as pessoas em cegas, surdas ou mancas. Passou pela cidade Dahomé, quando perguntaram seu nome ele disse que era Sakpatá. Na Terra de Kongo Kaviungo, em Mahuíno Sakpatá Inon, em Ketú Sapanà, em Benin Sakpatuí, em Ijesà Terra de Òsún não entrava homem, Obaluayè se apresentou como médico e quando chegou no palácio de Òsún, Òsún se levantou do trono e perguntou quem é você? E, ele respondeu OBALUAYÈ, nesse momento toda a cidade de Ijesà tremeu, provando mais uma vez a força do grande rei Obaluayè. Obaluayè voltou à sua cidade de origem e lá seus fieis fizeram-lhe oferendas de Deburus, Obaluayé se acalmou e o país voltou à paz.

Obaluayè é um dos Òrísàs de maior expressão humana dentre todos os Òrísàs. tem a propriedade de transformar a evolação humana a nível reencarnação. É um òrísà radical, para ele não existe meio termo. Domina o sofrimento da humanidade. Senhor que guarda os segredos da terra, é aquele que deu a Iyansà o poder sobre os mortos. Traz consigo um sàsàrá que representa as doenças e as cabaças penduradas representam as curas para todos os malês.

Os filhos de Obaluayé têm o dom da cura, e revelam-se grandes médicos, são pessoas que adoram papos trágicos, gostam de ajudar a todos que precisam.

Os anos se passaram e Obaluayé continua sendo um dos òrísás mais temidos, homenageado no mês de agosto, com as festas de Olubajé o grande banquete do rei. Obaluayè é aquele faz a terra tremer quando seu nome é pronunciado. Silência! Quem grita é o senhor que caminha sobre a Terra. As pessoas ao receberem a folha com a comida do Olubajé remexem  como se estivessem com nojo, esquecendo-se de que naquela folha, naaquelas comidas pode está a cura ou prevenção contra um câncer, contra problemas nos sistemas do corpo humano e até o livramento de uma morte antes da hora.

Por: Huntó Douglas D' Odé

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Série "Família Ungí" - Anambiokò, Nanà, Nzumbarandá - Parte 01

Deusa dos pântanos, senhora da memória ancestral de toda humanidade. Nanà é a mais antiga das divindades do panteão africano. Mãe de Obaluayè, Bessen, Frekuen, Iroko e Ossayn, sendo Nanà então a matriarca da família Ungí e do reino de Dahomé. Dona das águas paradas e dos chuviscos, fazendo uma referência às águas primordiais de onde Òdúdùwá criou a Terra.

É considerada como a grande Ìyábà universal, sendo ela a senhora da lama, matéria primordial para criação da humanidade. Sua ligação com a água e com a lama associa Nanà à agricultura, fertilidade do solo e aos grãos. Nanà representa a vida e a morte, recebe em seu colo os mortos e os prepara junto a Oyá para seu leko (renascimento), ou seja, a próxima vida.

Conta o itan que houve no Òrún uma reunião onde os Òrísàs estavam decidindo qual deles seria o mais importante importante do panteão. Em unanimidade Ògún foi considerado o mais importante, já que o mesmo é o dono da faca, objeto primordial para os Òrísàs receberem suas oferendas. Nanà não concordou, pegando uma galinha d' angola e torcendo o pescoço, provando que ela não precisava de faca para receber suas oferendas. Desse dia em diante Nanà decidiu que seus animais não poderiam ser sacrificados com faca. Se tornando assim o aço a kizila de Naná.

Nanà é uma grande conhecedora do uso terapêutico das ervas. Alguns de seus sacerdotes são preparados para serem curandeiros. Em Ghana existe uma sociedade chamada de Jou-Jou; em Allada e Dahomé a sociedade é chamada de Bo. Nessas sociedades as pessoas são preparadas para prática da medicina através de ervas. Nanà diz que além do uso das folhas, as doenças devem ser tratadas em sua origem espiritual para que a cura seja concretizada.

É um Òrísà abrangente a todos os caminhos sendo considerada a matriarca dos asés de Djeje Mahí, Savalú, Djeje Minas, Nagô Vodun. Nanà é muitas vezes discriminada por ter relação direta com Ikú, relação gerada pelo fato de estar envolvida com o sentido do recomeço e da renovação da vida, sendo responsável ainda pela organização das novas encarnações.

Nanà é conhecida como a Ìyá ogbá Ikú (Mãe do jardim da morte), é a dona do acervo das reações pré-históricas. Tem o ibiry como seu símbolo, o obé como kizila, o zinco com metal, a pedra ametista, sua natureza é em pântanos e igapós.

Responsável ainda pelo esquecimento de vidas passadas, deixando em alguns casos pequenos lampejos de recordações. Senhora do livre arbítrio. Nanà é o início do ser humano, o príncipio de tudo. Seu arquétipo é de pessoas que agem com calma, gentileza e bondade. São lentos no cumprimentos de suas funções e parecem conscientes de ter a eternidade para concluir aquilo que começaram. São majestosos e seguros, causando terror em quem tente enganá-los. Com decisões pertinentes e coerentes, estão sempre no caminho certo, a paciência é uma das suas principais virtudes.

Cantigas:
1. Obi Nanã ayó oluo bó
Nanã ayó
Obi Nanã ayó oluo bó
Nanã ayó
  
Oferecemos a Nanã  o obi como pedido de respeito.

2. Nanã issurè
Afulélé kurajò
Kurajò, kurajò
Afulélé kurajò

Nanã traz o vento negro de longe. Nanã é a dona da noite escura. 

3. A omin ala ore
A ikú toolosè
A omin alá ore
A ikú toolosè.

As águas cobrem as crianças, ela já está morta.

4. Obé oman cumacá odeo
Ori bode.

É dispensável a faca para separar a cabeça do cabrito, por isso pedimos compreensão.

5. Abi Nanã Iyewá
Iyewá Iyewá è.  

Nanã se encontra com o rio  Iyewa através da chuva.       

6. Oluwò sala aujo Oluwo nuque Iyewá jo.       
Salá aujo
Oluwò nuque Iyewá jo.

O olhador da sorte prevê tempos tristes através do rio Iyewá.

7. E Nanã oluayè  
E pá le pá.

Nanã mata para abrir caminhos.

Por: Huntó Douglas D' Odé