O Candomblé para mim deixou de ser apenas uma religião para se tornar um estilo de vida.

"Huntó Douglas D' Odé"

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Série "Ogún árá Irè" - Parte 06 - Encerramento

Ogún dalekó 
Enya deran
Ogún dalekó
Enya deran
Ogún tó ajò 
Enya deran

Balá introzulè omine tun
Ominuin
Ogún alá bò a runkó
Katrata introzulè elé cerró
Pai Ogún elé cerró, elé cerró.

Dessa forma eu encerro mais uma série do "Espaço Cultural Apejá Omi Onjé Dìdún", dessa vez falando sobre Ogún o grande rei da guerra, pai que luta para defender seus filhos, pai que luta para trazer o pão de cada dia para seus filhos. Encerro como de costume dedicando essa série à:

Pai Ninô D' Ogún (Im memorian);
Doné Mirtéia D' Ogún (Djeje Mahí) ;
Doté Carlos D' Togbò (Asé Boa Viagem);
Pai Walter D' Nkocy (Asé Tumba Junsara);
Ekedjí Daniely D' Ogún (Taba de Sapanà) ;
Dofono Rodrigo D' Ogún (Asé Omó Inà);
Dofono Renato D' Ogún (Asé Omó Inà);
Mãe Lilian D' Ogún;
Fábio D' Ogún;

Dedico também a todos os filhos de Ogún, a todos os Ogans e Ekedjís que foram confirmados para este grande Òrísà.

Ogún patakory jessé jessé àwá mèjí
Ogún iyè!


Aproveito para convidar a todos os leitores do Espaço Cultural Apejá Omi Onje Dìdún para a grande festa de Osún que vai acontecer no Asé Omó Inà que é o Asé que faço parte.



Òsóssì Mojubá
Iyansà Iyá Nlá
Bessen aho bo boy
Olorun Modupé

Asé o

Eu amo todos os meus leitores!

Por: Huntó Douglas D' Odé

Série "Ogún árá Irè" - Parte 05 - Caminhos

Ogún é aquele que pede para não entrar em uma briga, mas mata e morre para não sair da briga quando entra. É um senhor sanguinário, muitos pensam que Esú é o brigão, mas não, o brigão é Ogún. Ogún é aquele que bebe sangue, é aquele que se banha com o sangue do inimigo. Pai misericordioso com seus filhos, pai que aconselha, que ajuda, que transmite sempre a seus filhos  uma mensagem de paz. 

Ogún Onyrè é o guardião das águas doces, senhor dos rios, açude, compotas, protetor dos pescadores, tem a responsabilidade de trazer o Iyawô para a sala na segunda saída, sendo ainda considerado o senhor do wagi. Senhor do mariwô.




Ogún Alagbedé é responsável pelas estradas de barro. É um Òrísá de fases, cabendo ao zelador ver em qual das três fases ele está vindo na cabeça de cada filho, lembrando que cada zelador só pode ter um Ogún Alagbedé de cada fase. Alagbedé é o senhor das vitórias, rege a alegria de um jogador ao subir no topo do pódio, sendo responsável ainda pelos champanhes estourados nos dias de festejos, divide com Oyá Fefé Abé o poder sobre a coroa de flores usadas nos velórios.


Ogún Massá Guardião das estradas e trilhas dentro da mata, tendo o poder da distribuição de asé sobre as folhas colhidas. Senhor dos caçadores de animais de grande porte. Responsável pela coroa a nível espiritual. Nesse caminho deve-se sempre colocar folhas de louro no ibá.


Ogún Ayrès Guardião das estrelas.Senhor da Lua Cheia. Tem como propriedade clarear os caminhos noturnos. Divide com Odé o poder sobre os vaga-lumes. Sua ferramenta nunca poderá ser de ferro puro e seus orôs deverão ser feitos na lua cheia.

Ogún Sekorè Tem como propriedade a defesa do contra-egún, o mokan e da senzala. É o dono do ferro em estado líquido. No ibá de desse caminho de Ogún deve-se ter uma enxada virgem ( representa o símbolo da fartura).


Ogún Jebé Tem a responsabilidade sobre a purificação nos caminhos dos filhos ou clientes ao término de um ebó.É o guardião de poço existente nas casas de Asé.Representa os olhos do noite (Pai da escuridão). É o guardião dos portais internos das casas de asé (os ases de pescoço da konquén colocados após o corte encima da porta do asé é uma reverência a este Ogún). Os filhos desta demarcação de Ogún não devem levar apopô no Ory, usando no lugar uma manta de efó (mingau de acaçá) coberto com algodão. É aconselhável que se faça o corte a luz de velas e colocar ebô em todos os portais internos do Asé. A manta de efó também deve ser colocada no ibá ao invés de apopô.



Ogún A' já Rege todos os Orôs de corte. É o senhor do obé e protetor do Asogún.

Ogún Meje Guardião dos quatro cantos, dos quatro elementos (Terra, Fogo, Ar e Água). Senhor dos continentes. Divide com Oyá o poder sobre o aridã. É também o senhor do Obi roxo, responsável pela abertura de Kuras e fechamento de corpo em geral.

Por: Huntó Douglas D' Odé

quinta-feira, 19 de maio de 2011

SÉRIE "OGÚN ÀRÁ IRÈ - PARTE 04 - ORIKI

É um aderan 
Onimè cerró

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún A'já
Patakory Ogún alà korò.

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún Ayres
Patakory Ogún alà korò. 

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún Sekorè
Patakory Ogún alà korò. 

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún Jebé
Patakory Ogún alà korò. 

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún Onirè
Patakory Ogún alà korò. 

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún Meje
Patakory Ogún alà korò. 

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún Nitá
Patakory Ogún alà korò. 

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Ogún Massá
Patakory Ogún alà korò. 

Ko Ajò dalekó
Katrata introzulè 
Balógun Oná
Patakory Ogún alà korò. 

É um aderan
Omiè cerró

Por: Huntó Douglas D' Odé

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Série "Ogún árá Irè" - Parte 03 - Cantigas e Traduções

Cantiga 01: Ogún Ajò mariwò
Akorò ajò e mariwò
Ogún pá le pá Lonà
Ogún Ajò e mariwò
Ata kun iye iye.


Tradução 01: Ogún viaja coberto de mariwò
O senhor do Akoro que viaja coberto de mariwò
Ogún mata e pode matar no caminho
Ogún vigia coberto de mariwó
É o senhor que toma banho de sangue.


Cantiga 02: Awá sirè Ogún o
Eru jo jo
Awá sirè Ogún o
Eru jo jo eru jeje.

Tradução 02: Nós estamos brincando para Ogún com medo extremo
Nós estamos brincando para Ogún, nos comportamos calmamente com medo.


Cantigas 03: Ogún Nita ewe re
Ogún Nita ewe re
Ba Òsóssì oko ri na lode
Ogún Nita ewe re.


Tradução 03: Ogún tem que vender as suas ervas
Ogún tem que vender as suas ervas
Encontra-se com Òsóssí nos arredores da fazenda
Ogún tem que vender as suas ervas.


Cantiga 04: Alakoro elenin
Alakoro elenin o
Rewè rewè rewè
Alakoro elenin o.


Tradução 04: O senhor do akoro vangloria-se
O senhor do akoro vangloria-se
O senhor do akoro é aquele que conta bravatas.

Cantiga 05: A Ogún Meje Irè
A Meje Meje.


Tradução 05: É o senhor das duas espadas. Nós temos sete Ogún em Irè.


Cantiga 06: Sa ti sa ti sa Ogún
Ogún okolun bale.

Tradução 06: Ogún cortou, cortou, cortou 
E foi bem recebido na Terra.


Cantiga 07: Ogún Onirè
Onirè Ogún 
Alakoro Onirè
Alá de Òrún.


Tradução 07: Ogún o senhor de Irè
O senhor de Irè é Ogún
Proprietário do Akoro é o senhor Ogún.


Cantiga 08: Ogún ni Alagbedé
Mariwò Odé
Odé mariwò.


Tradução 08: Ogún é o senhor da forja e caçador
Se veste de folhas novas de palmeiras
De folhas novas de palmeiras ele se veste.

Cantiga 09: Ogún de a re re
Irè Irè Ogún A'já
Akoro wa de a re re
Iré Irè Ogún A'já ò.


Tradução 09: Ogún de lutas que chegue a nós bem feliz de Irè
Ogún de lutas que nos protege, chegue a nós e faça a nossa casa feliz.


Cantiga 10: Akaja loni Ogún Massá
Oke berujá
Akaja Ogún Massá
Oke berujá.


Tradução 10: Ogún Massá caça o cachorro no alto da montanha.
Caça para nós o cachorro no alto da montanha.


Cantiga 11: A'já pelejá pelejá
Ogún Onirè.


Tradução 11: O cachorro pertence somente a Ogún
A Ogún
Ogún é o princípe de Irè.
Cantiga 12: Akorò okoodè
Akorò okoodè
Fará Ogún Meje
Akorò okoodè.


Tradução 12: O grande homem usa akorò
É Ogún Meje
O grande homem é Ogún Meje.


Cantiga 13: Mariwò lasó
É mariwò
Mariwò lasó
É mariwò Ogún de.


Tradução 13: Ogún usa roupas feitas de mariwò.


Cantiga 14: Mabeé mabeé Ogún xororò
Mabeé Ogún arayè
Mabeé Ogún xoroò.


Tradução 14: Escorre pela vida a força de Ogún.


Por: Huntó Douglas D' Odé

terça-feira, 17 de maio de 2011

Série "Ogún árá Irè" - Parte 02 - Sincretismo

Cor: Azul marinho;


Dia da semana: Terça-feira;

Partes do corpo: Braço e músculos;

Metal: Prata;

Símbolo: Espada;

SaudaçãoOgún iyè jessé jessé awa meji patakori;

Bichos: Cabritos e galos;

Folhas: Aroeira, Abre caminho e Elevante;

Natureza: Guerras, estradas e caminhos;

Pedras: Diamante;

Elemento: Terra; 

Oferenda: Inhame cozido, feijão mulatinho e feijoada;

Datas comemorativas: 23 de abril e 20 de janeiro (De acordo com a localidade).

Por: Huntó Douglas D' Odé

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Série "Ogún àrá Irè" - Parte 01 - Ogún o guerreiro africano

Ogún é um guerreiro imbatível, pai protetor e sábio, conselheiro de seus filhos. Grande artífice da natureza, Ogún é o mais importante Òrísà da cultura afro-brasileira. Segundo a mitologia Iyorubana, é o filho querido de Òdùdùwá, criador da existência. Deus da agricultura, do ferro e da tecnologia, responsável por tudo o que a humanidade desenvolve nesses setores. Ogún é o próprio sulfato ferroso que garante o funcionamento saudável do fígado. É considerado como o mais ativo dos Òrísà, poderoso, guerreiro feroz, Ogún não tem só o lado belicoso: amigo seguro, paternal, é também um excelente companheiro na caminhada da vida, garantindo a seus filhos uma existência de muito trabalho e conquistas, longe da acomodação. Ogún é líder, centralizador de poder, hábil estrategista. Está normalmente presente nas mudanças sociais, políticas e estruturais. Em casa com a família, no bairro, na cidade ou até mesmo no país. Ogún é o grande conselheiro na hora de se escolher novos caminhos a seguir. 

Herói civilizador, Ogún foi o fundador da cidade de Ilè Ifé, enquanto Òdùdùwá esteve cega por um período, Ogún foi o regente da cidade. Conhecido pelo povo Bantu como Nkocy e pelo povo Fon como Togbògun. Irmão de Òsóssì e segundo marido de Iyansà. Conta o itan que Ogún entrou em grande guerra com Sangò pelo amor de Iyansà. Ogún ganhou durante toda a guerra, porém, no final da guerra quando Sangò viu que estava perdendo a guerra, Sangò jogou um ajebó fazendo com que Ogún caísse e perdesse a guerra, no momento da queda de Ogún, Sangò estava pronto para terminar a guerra, Iyansà entrou no meio, como nem mesmo Sangò ousa enfrentar Iyansà, o vencedor da guerra foi Ogún.

Seu filhos são pessoas fortes, aguerridas e impulsivas, incapazes de perdoar as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que, nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas. Na maioria das vezes são pessoas impulsivas, briguentas e que não desistem nunca.

Por: Huntó Douglas D' Odé

Série "Ogún árá Irè"