O Candomblé para mim deixou de ser apenas uma religião para se tornar um estilo de vida.

"Huntó Douglas D' Odé"

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dia 02 de novembro - O dia de finados

Estamos chegando a mais um dia de finados, as pessoas começam a preparar-se para irem visitar o túmulo de seus parentes e ter uma lembrança mais próxima de seus entes queridos. Chegando ao cemitério, as pessoas ficam quase que impedidas de entrarem, devido ter diversas giras de Umbandas, pessoas incorporadas com seus Esús dentro e na porta do cemitério. Quando as pessoas conseguem chegar ao túmulo de seus parentes o que encontram? Encontram dezenas de padês, dezenas de garrafas de cachaça, dezenas de bichos mortos, enfim sujeiras. Será que o Candomblé irá conseguir crescer, irá conseguir ser uma religião de primeiro mundo, acho difícil. Enquanto o Candomblé mantiver essas tradições milenares que denigrem-o, nunca iremos conseguir chegar ao primeiro mundo. Em Paris, a cidade mais linda do mundo, a cidade onde todos cobiçam ir, não tem uma casa de ervas, não tem uma vela nas prateleiras dos mercados e tudo isso porque em Paris não tem lugar para sujeira, não tem lugar para uma religião que seus membros presam a sujeira das ruas, dos cemitérios e de vários outros lugares. A falta de respeito com os mortos por parte dos membros de Candomblé é muito grande. No dia dois de novembro, são cenas deprimentes que vemos dentro dos cemitérios, são cenas que nos fazem ver uma religião que foi construída pelo trabalho de velhas negras ir por água abaixo, vemos nesse dia Esús e Pombo-Giras sendo expostos ao ridículo, Pombo-Giras apanhando de evangélicos por estarem sentada nas sepulturas de seus parentes. Será que isso é necessário para um religião, será que os Esús e Pombo-Giras se sentem felizes e satisfeitos vendo seus nomes sendo jogados na lama, e tudo porque pessoas incultas e sem liturgia acham que Esú bom é aquele que passa a noite toda bebendo, Esú bom é aquele que pratica a maldade, Esú bom é aquele que fica dentro do cemitério arrombando sepulturas alheias. As pessoas passam pelas portas dos cemitérios e quando olham aquelas dezenas de Esús na porta, todas têm um único pensamento "Só podiam ser de Candomblé". Sim só podiam ser de Candomblé, porque o Candomblé é a única religião que não permite que as demais joguem seu nome no lixo, porque grande parte dos seus membros já faz esse favor, será que Ìyá Nassò, Iyá Kalá, Ìyá Obá Tossi, Ìyá Omonikè, Ìyá Obá Biyi, enfim as Ìyás que tanto lutaram para que o Candomblé ocupasse um bom lugar na sociedade merece ver o trabalho, o esforço de toda uma vida sendo jogado no lixo. Cemitério é lugar de descanso eterno para as pessoas que sofreram dias, meses e algumas até anos em cima de uma cama com uma doença maligna, cemitério não foi feito pra tocar atabaques como muitos fazem, e com certeza esse mesmo atabaque que tocam dentro dos cemitérios no dia de finados é o mesmo atabaque que tocam para uma saída de Iyawò, que tocam para uma obrigação de 7 anos. As Igrejas Universais fazem a grande festa do Finado Vive, as Igrejas católicas rezam suas preces, as Igrejas Evangélicas ignoram o fato de ser dia de finados e o Candomblé? O Candomblé vai pro cemitério arrombar sepulturas e colocar nomes de inimigos.Querido leitor, não estou aqui querendo mudar o mundo e muito menos ser melhor que ninguém, quero apenas fazer com que as pessoas se conscientizem de que o Candomblé pode ser e é muito mais do que isso que estão lhe transformando. Quero que as pessoas entendam que nossa religião não consegue crescer, não consegue evoluir, não consegue ser respeitada por conta desses pequenos atos mesquinhos. 

Por: Akòwé Ofá Dourado

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Série "Cabeças especiais" - Abíkú (Nascido para morrer)

 A tradução literal é "Nascido para morrer", nome designado a crianças ou jovens que morrem antes de seus pais. Há, assim dois tipos de Abíkú: O primeiro Abíkú-omode, designado a crianças e o segundo, Abíkú-Agba, referindo-se a jovens ou adultos que morrer, via regra em momentos significativos de suas vidas e sempre antes dos pais, apresentando nisso uma alteração da ordem natural que é aceita e entendi como aqueles que chegaram primeiro ao Aiyè, voltam primeiro ao Orún.

No Orún vive um grupo de crianças chamada de Elegbe e este grupo constitui o Egbé Orún Abíkú, ou seja, sociedade das crianças que nascem para morrer. Contam os mitos que a primeira vez que os Abíkú vieram para o Aiyé foi em Awaiye e constituiam um grupo de duzentos e oitenta, trazido por Alawaiye, chefe dos Abíkú no Orún. Na encruzilhada que une o Orún ao Aiyè, todos pararam e vários pactos foram feitos, definindo o momento particular do retorno de cada um ao Orún. Alguns voltariam quando vissem pela primeira vez o rosto da mãe, outros voltaria quando casasse, um terceiro grupo voltaria quando completasse determinado tempo de vida, uma quarto grupo voltaria quando tivesse o primeiro filho, e assim por diante. O carinho e o amor dos pais não seriam capazes de retê-los no Aiyè. Alguns assumiram o compromisso de que nem nasceriam.

O Iyorubá acredita que a ação do Abíkú ocorre por determinação do destino da mãe, ou por força de magia, ou ainda por condições acidentais. Existe a crença de que uma mulher grávida, ao passar por determinados locais em que os Abíkú se estabelecem se não estiver devidamente protegida, pode ser invadida por este espírito e tornar-se sujeita à gravidez de um Abíkú. É muito comum que mulheres Iyorubá quando estão grávidas carreguem junto à barriga um Okutá preparado para evitar a invasão de ums espírito Abíkú.

Elegbe é cultuado e louvado com a finalidade de defender as crianças da morte prematura e oferendas lhe são feitas para que desistam de levas os Abíkú de volta ao Orún. 

Existem pessoas que são Abíkú e existem pessoas que tem espírito Abíkú. Quando a criança nasce e a mãe morre ou a gravidez é gêmeos, trigêmeos e uma das crianças nasce morta as que ficam são Abíkú, isso significa que a criança é Abíkú. Pessoas que tem espírtios Abíkú são crianças que foram invadidas pelo espírito ainda na barriga da mãe, esse tipo de Abíkú é o mais díficl de identificar-se. A pessoa com espírito Abíkú tem grande carrego com Ikú, e o cuidado com mortes súbitas deve ser dobrado. Os espíritos Abíkú podem  escolher famílias e acompanhar a família, de geração em geração. Ou seja, sempre terá um espírito Abíkú na família.
Por último, dois aspectos são importantes de serem nomeados: O primeiro diz respeito ao que podemos chamar de comportamento peculiar da criança Abíkú. São certamente crianças que se distinguem por este aspecto. Segundo, a resitência, na nossa cultura, que os pais têm em aceitar o fato de terem um filho Abíkú e a dificuldade consequente em lidar com esta criança e todas as necessidades decorrentes da luta pela sua permanência no Aiyè. Cabe ai um importante papel para o sacerdote que pode ajudá-los a compreender a questão, dar-lhes orientação e acompanhamento durante todo o processo.Um Abíkú nunca poderá ser raspado, podem ser Ogans, Ekedjís ou rodantes. Alguns nomes dados aos Abíkú: 

Aiyédùn - a vida é doce;

Aiyélagbe - Nós ficamos no mundo;

Akúji - O que está morto, desperta;

Bánjókó - Senta-se comigo;

Dúrójaiyé - Fica para gozar a vida;

Dúróoríìke - Fica tu serás mimada;

Èbèlokú - Suplica para que fique;

Ilètán - A terra acabou (não há mais terra para enterrá-lo);

Kòjékú - Não consinta em morrer;

Kòkúmó - não morra mais;

Kúmápáyìí - A morte não leva este daqui;

Omotúndé - A criança voltou;

Tìjúikú - Envergonhado da morte (não deixa a morte te matar);
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Encerrando aqui a série "Cabeças especiais". Espero que todos que acompanharam essa série e os que ainda lerão, leiam com atenção para entender o que são pessoas que necessitam de atendimentos diferenciados dentro de uma casa de Asé.

Aos Sacerdotes e Sacerdotisas - Não saiam colocando todos que chegam em suas casas direto para o ronkó sem procurar saber tudo que é necessário para aquela cabeça. 

Infelizmente os Sacerdotes hoje não estão se preocupando com o bem estar do filho e sim o dinheiro que irão pagar pela feitura ou obrigação. Esquecendo-se que cada cabeça é uma cabeça. Nem toda cabeça foi feita para ser raspada, nem todos que não viram são Ogans ou Ekedjís. Uma pessoa que tem espírito Abíkú pode sim viver uma vida tranquila sem pertubações Ikú, desde que o Sacerdote saiba acalmar a furia de Ikú, para que seu filho viva em paz.

Meus respeitos a todos os Sacerdotes, mas esqueçam um pouco o dinheiro e pensem um pouquinho mais nas cabeças que lhes são confiadas.

Òsóssì Mojubá
Iyansà Iyá Nlá
Bessen aho bo boy
Olorun Modupé

Asé o
 
Por: Akòwé Ofá Dourado

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Série "Cabeças especiais" - Crianças empelicadas

São crianças que nascem envoltas na placenta. Na hora do parto acontece o descolamento da placenta, envolvendo a criança, fazendo com que a criança nasça empelicada, existe ainda uma outra forma da criança nascer empelicada, que é quando passa da hora da criança nascer e quando nasce a pele fica toda escamada.

A criança que nasce empelicada tem grande carrego de Ikú. Conta com grande proteção de Ijímú e Osalá. Contam os itans do povo Iyorubá que quando uma criança nasce envolta na placenta essa criança será bem sucedida e será uma pessoa de muito dinheiro.

É muito comum que Sacerdotes procurem crianças até 01 que nasceram empelicadas para participar dos Oròs de fundamentação de Ijimú, sendo assim Ijimú amparará essa criança até os 05 anos de vida e o filho de Ijimú será como padrinho dessa criança.

Por: Akòwé Ofá Dourado

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Série "Cabeças especiais" - Abíadan (A vida embalada por Dan)

São crianças que contam com grande proteção do Vodun Dan Bessen, já que nasceram com o cordão umbilical enrolado no pescoço. O cordão umbilical é uma representação da ligação da mãe com o filho. Uma pessoa Abíadan pode ser rodante, Ogan, Ekedjí, podem receber cargos. Se rodantes podem abrir suas casas e iniciar pessoas normalmente.

Enquadram-se perfeitamente nos casos especiais dentro de uma casa de Asé, porém não necessitam de fundamentações diferenciadas. Independente da nação deve agradar sempre a Dan Bessen, com balaios periódicos, devendo ter a mesma obrigação com Frekuen e Iyewá. 

Se uma pessoa Abíadan for iniciada em uma casa de Djeje, toda obrigação que for dada deve-se agradar a família da 09 Dan's.O ibá de Bessen não pode faltar na composição de carrego dessa cabeça. O Abíadan em uma casa de Djeje tem uma função importante, ele deve ser o responsável por todo o processo de preparo e entrega do balaio de Azanadò. Sendo responsável ainda pela cultuação da árvore de Azanadò e toda vez que for posta alguma comida seca aos pés de Azanadò para Adangbé deve ser entregue por um Abíadan.

Um Abíadan por ser raspado tranquilamente, a não ser que além de Abíadan a pessoa seja Abíkú eu Òrísà seja algum que não aceita a raspagem de seus filhos.

Por: Akówè Ofá Dourado

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Série "Cabeças especiais" - Abíasé (A força trouxe a vida)

São crianças portadoras de grande Asé, pois parte de sua geração foi dentro do Ronkó. São filhos de mulheres que ao iniciarem-se não sabiam que estavam grávidas. Isso não significa que, uma mulher sabendo que está grávida entre para se iniciar e seu filho será um Abíasé. Só é considerado Abíasé se a mãe não souber da gravidez.

A criança Abíasè recebe toda a fundamentação da mãe. Ao nascer essa criança deverá tomar Oboris periódicos de 01 a 03 anos de idade. A partir de então, a criança fica liberada para concluir seu ciclo infantil. Quando a criança completar 07 anos de vida, deverá voltar ao Asé para ver se é preciso raspar.

O Abíasé tem seu Òrísà individual, independente do òrísà que o acolheu na barriga da mãe. Terá sempre a obrigação de cultuar o òrísà da mãe. Exemplo: Se a mãe for de osún Adolá, o filho deverá ter algém da Osún de seu carrego, a Osún Adolá em reverênbcia a sua mãe.

O Abíasé não nasce feito, ele apenas é detentor do Asé de dois òrísàs, pois recebeu ainda na barriga a fundamentação do òrísà da mãe e receberá a fundamentação do seu Òrísà, quando  inicia-se. Para um Abíasé ser considerado feito, ele deve ser do mesmo Òrísà da mãe incluindo o caminho qualificativo, ou seja, se a mãe for de Osún Karè o filho para ser considerado feito deverá ser também de Osún Karè. Um Abíasé poderá virar a qualquer momento ou nunca. Não pode ser considerado como Ogan ou Ekedjí.

Nem toda cabeça nasceu para ser raspada!

Por: Akòwé Ofá Dourado

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Série "Cabeças especiais" - Oríasé (Filhos de Asé)

 São pessoas que vieram ao aiyè para cumprir uma missão dentro de uma casa de asé, nem sempre são rodantes, mas também não podem ser considerados como Ogan ou Ekedjí.

Um Òrísà é iniciado como Iyawò e vai tomando suas obrigações normalmente, pode virar a qualquer momento ou não. Geralmente, quando inicia-se um Oríasé, dá-se a ele um posto no Asé, cargos são vetados a essas cabeças. Pode acontecer de depois de 01 ano de iniciado o Oríasé virar com seu Òrísà, sendo assim o Òrísà já vem com todo desenvolvimento de um Egbomy.

Existe ainda um segunda cado de Oríasé que são pessoas que envolvem-se com a religião através de situações para busca de resgate de outras cabeças geralmente vinculadas pelo lado genético. É muito comum que ofereçam a criança ao Òrísà para ser salvo de problemas de saúde. Ao crescer a criança não será obrigada a seguir a religião por conta deste acordo, deixando então compromisso por conta de quem ofertou.  Caso Òrísà ao qual foi ofertado.

Iyemonjá ÌyáToná, Osún ÌyáBoto, Ogún Mèjé e Nanã são Òrísà que se enquadram perfeitamente nesse acordo entre familiares e Òrísàs. As cabeças ofertadas geralmente são tratadas a base de Obori, ebós e agrados aos Òrísàs. A diferença entre os 02 casos é Oríasé é que o 1º caso pode ser raspado, já o 2º não.

Por: Akòwé Ofá Dourado